O ano de 2020 foi marcado por uma série de desafios econômicos para o país, com os impactos da pandemia de COVID-19 afetando a saúde e as finanças de milhões de brasileiros. Diante deste cenário, o governo tem se mobilizado para encontrar soluções que possam garantir a retomada da economia e a estabilidade das contas públicas. Uma das medidas que vem sendo discutida é a possibilidade de retirar os gastos com precatórios do limite de despesas do arcabouço fiscal, com o objetivo de reduzir o fluxo de pagamentos a servidores e aposentados.
Os precatórios são dívidas decorrentes de decisões judiciais transitadas em julgado, ou seja, que não podem mais ser contestadas. Eles são uma forma de garantir que os direitos dos cidadãos sejam respeitados e que o Estado cumpra com suas obrigações. No entanto, o pagamento dessas dívidas tem se tornado um desafio para o governo, uma vez que o valor previsto para os precatórios ultrapassa o montante disponível para este fim no orçamento.
Em 2019, o governo federal gastou cerca de R$ 31,7 bilhões com precatórios. E a previsão é que esse valor aumente significativamente nos próximos anos, chegando a R$ 72,7 bilhões em 2022. Isso representa um grande impacto nas contas públicas, podendo comprometer o equilíbrio fiscal e até mesmo a capacidade de investimento do governo em áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura.
Diante dessa situação, o governo avalia a possibilidade de propor mudanças nas leis que regem os precatórios, a fim de reduzir o fluxo de pagamentos e garantir um alívio para as finanças públicas. A principal proposta é retirar essas despesas do limite de gastos do arcabouço fiscal, mantendo, porém, a rubrica na contabilização da meta fiscal. Isso significa que os gastos com precatórios deixariam de fazer parte do cálculo para determinar o teto de despesas do governo, mas ainda seriam registrados no resultado das contas públicas.
De acordo com o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, essa mudança não afetaria a transparência e a responsabilidade fiscal, pois os precatórios continuariam sendo contabilizados no resultado primário e no teto de gastos. Além disso, a medida poderia contribuir para a retomada do crescimento econômico, uma vez que liberaria recursos que poderiam ser investidos em áreas importantes, como a infraestrutura.
Outra mudança em estudo é o aumento do prazo de pagamento dos precatórios. Atualmente, o governo tem até 2024 para quitar essas dívidas, mas a ideia é ampliar esse prazo em cinco ou dez anos. Com isso, o impacto na contas públicas seria diluído ao longo dos anos, proporcionando um alívio financeiro para o governo.
Essas mudanças também poderiam beneficiar os estados e municípios, que também enfrentam dificuldades para pagar seus precatórios. Em 2019, as dívidas desses entes federativos chegaram a R$ 14 bilhões e a previsão é que esse valor continue aumentando nos próximos anos. Com a proposta do governo, os estados e municípios teriam um prazo maior para quitar suas dívidas, o que poderia auxiliá-los a equilibrar suas finanças.
É importante ressaltar que as mudanças ainda estão em fase de estudo e precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional antes de entrarem em vigor. No entanto, a poss