Um grupo de pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, deu um passo importante para a comunicação de pessoas sem fala. Utilizando implantes cerebrais, eles conseguiram decodificar palavras que foram imaginadas pelos participantes do estudo, abrindo caminho para uma nova forma de se comunicar.
O estudo, que foi publicado na revista científica Nature, utilizou uma técnica chamada de “decodificação intracraniana de fala” (ICF, na sigla em inglês). Ela consiste em mapear a atividade cerebral enquanto uma pessoa fala ou pensa em palavras específicas, e então utilizar esses padrões para decodificar o que a pessoa está pensando.
O processo é complexo e requer a implantação de eletrodos no cérebro dos participantes do estudo. No entanto, os resultados obtidos pelos pesquisadores de Stanford mostraram que a técnica pode ser uma esperança para pessoas que não conseguem se comunicar verbalmente.
Durante o experimento, cinco participantes tiveram seus cérebros mapeados enquanto eles ouviam e liam em voz alta centenas de frases. Em seguida, eles foram instruídos a imaginar falando as mesmas frases em suas mentes, enquanto os pesquisadores registravam a atividade cerebral.
Com o uso de algoritmos de aprendizado de máquina, os pesquisadores conseguiram decodificar as palavras que os participantes estavam imaginando com uma precisão de até 97% para as palavras que foram repetidas em voz alta e 75% para as palavras que foram apenas imaginadas.
O líder do estudo, o professor Krishna Shenoy, explicou que a técnica pode ser uma alternativa para pessoas que perderam a capacidade de fala devido a doenças ou lesões cerebrais. “Com a decodificação intracraniana de fala, estamos dando aos pacientes uma outra forma de se comunicar, mesmo que eles não possam falar”, afirmou Shenoy.
Além disso, a técnica pode ser uma ferramenta valiosa para aprimorar a tecnologia de comunicação para pessoas com deficiência, como aquelas que têm paralisia total ou tetraplegia, permitindo que eles se comuniquem de forma mais rápida e eficiente.
Os pesquisadores também ressaltaram que a técnica ainda é experimental e precisa ser aprimorada antes de ser usada em potenciais aplicações clínicas. No entanto, os resultados obtidos até o momento são promissores e mostram que a decodificação intracraniana de fala pode ser uma revolução para a comunicação de pessoas sem fala.
Vale ressaltar que a ICF não é a única técnica de comunicação que utiliza implantes cerebrais. Em 2019, pesquisadores da Universidade de Califórnia, nos Estados Unidos, conseguiram implantar eletrodos no cérebro de uma mulher que perdeu a capacidade de fala devido a um acidente vascular cerebral (AVC). Utilizando essa tecnologia, ela conseguiu digitar em um teclado virtual com velocidade e precisão semelhantes àquelas de pessoas que usam a digitação comum em computadores.
No entanto, a ICF tem uma vantagem importante em relação a outras técnicas, pois não requer nenhum movimento físico e pode ser usada por pessoas que têm paralisia total. Além disso, os pesquisadores acreditam que, com aprimoramentos futuros, a técnica possa ser utilizada para decodificar pensamentos mais complexos, como imagens e emoções.
O estudo realizado pelos pesquisadores de Stanford é um grande avanço na área da comunicação. Através do uso de tecnologias inovadoras, eles conseguiram decodificar palavras imaginadas, abrindo um mundo de possibilidades para pessoas que não conseguem se comunicar verbalmente. É um exemplo de como