Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de São Paulo (USP) descobriram uma proteína que pode ter um papel fundamental no tratamento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Em testes realizados em camundongos, a molécula foi capaz de reverter o declínio cognitivo, trazendo esperança para milhões de pessoas que sofrem com essas condições.
O estudo, que foi publicado na revista científica Nature Communications, foi liderado pelos professores Sergio Ferreira, da UFRJ, e William Klein, da USP. A pesquisa teve início em 2008 e contou com a participação de diversos especialistas da área de neurociência. O objetivo era entender melhor os mecanismos que levam ao declínio cognitivo em doenças como o Alzheimer e encontrar formas de combatê-lo.
Durante a pesquisa, os cientistas descobriram uma proteína chamada de “proteína tau”. Essa molécula é encontrada em grande quantidade no cérebro de pacientes com Alzheimer e está associada à formação de emaranhados neurofibrilares, que são uma das principais características da doença. A partir dessa descoberta, os pesquisadores começaram a investigar se a proteína tau poderia ser a responsável pelo declínio cognitivo.
Para testar essa hipótese, os cientistas realizaram experimentos em camundongos geneticamente modificados para apresentarem características semelhantes às do Alzheimer. Eles injetaram uma pequena quantidade da proteína tau nos animais e, para surpresa dos pesquisadores, observaram que o declínio cognitivo foi revertido. Os camundongos voltaram a apresentar um comportamento normal e não mostraram mais sinais de problemas de memória.
Os resultados foram tão promissores que os pesquisadores decidiram realizar um segundo experimento, dessa vez com camundongos que já apresentavam um declínio cognitivo avançado. Novamente, a proteína tau foi capaz de reverter os sintomas, trazendo de volta a capacidade cognitiva dos animais. Além disso, os cientistas também observaram que a molécula foi capaz de impedir a formação de novos emaranhados neurofibrilares no cérebro dos camundongos.
Os resultados obtidos pelos pesquisadores são bastante animadores e podem representar um grande avanço no tratamento de doenças neurodegenerativas. Segundo Sergio Ferreira, um dos líderes do estudo, a proteína tau pode ser uma nova alternativa para o tratamento do Alzheimer. “Nós acreditamos que essa molécula pode ser uma nova estratégia terapêutica para combater o declínio cognitivo em pacientes com doenças neurodegenerativas”, afirma o professor.
Além disso, os pesquisadores também destacam que a proteína tau pode ser utilizada em conjunto com outras terapias já existentes, potencializando os efeitos do tratamento. No entanto, ainda são necessários mais estudos para comprovar a eficácia e segurança da molécula em seres humanos. Os cientistas esperam que, em um futuro próximo, seja possível realizar testes clínicos em pacientes com Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas.
A descoberta dos pesquisadores brasileiros é mais uma prova do potencial da ciência brasileira. A UFRJ e a USP são duas das principais universidades do país e têm contribuído significativamente para o avanço da pesquisa científica em diversas áreas. Além disso, o estudo também mostra a importância da colaboração entre diferentes instituições e especialistas, que pode resultar em descobertas surpreendentes.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente idosos e é caracterizada pela perda progressiva