Equipe internacional de pesquisadores realiza simulação inédita da formação e evolução de uma magnetar, revelando a origem de estrelas com os campos magnéticos mais fortes do Universo.
Uma equipe de pesquisadores internacionais, liderada pelo astrofísico italiano Matteo Cantiello, realizou uma simulação inédita que pode ajudar a desvendar um dos maiores mistérios do Universo: a origem das magnetars. Essas estrelas de nêutrons são conhecidas por possuírem os campos magnéticos mais intensos já observados, capazes de gerar explosões cósmicas e emitir radiação de alta energia.
A pesquisa, publicada recentemente na revista científica Nature, utilizou um supercomputador para simular a formação e a evolução de uma magnetar a partir de uma estrela de nêutrons recém-nascida. Essa é a primeira vez que uma simulação desse tipo é realizada, e os resultados obtidos podem ajudar a entender como essas estrelas se formam e como seus campos magnéticos se tornam tão poderosos.
As magnetars são um tipo raro de estrela de nêutrons, que por sua vez são remanescentes de estrelas massivas que entraram em colapso após esgotarem seu combustível nuclear. Essas estrelas são extremamente densas, com uma massa maior que a do Sol concentrada em uma esfera com apenas alguns quilômetros de diâmetro. Além disso, elas possuem campos magnéticos bilhões de vezes mais intensos que o campo magnético da Terra.
Até então, os cientistas não sabiam ao certo como esses campos magnéticos tão intensos se formavam nas magnetars. A teoria mais aceita era a de que eles eram herdados das estrelas progenitoras, mas essa hipótese não explicava a intensidade desses campos. A nova pesquisa, no entanto, sugere que os campos magnéticos das magnetars são gerados a partir de um processo conhecido como “dínamo magnético”.
O dínamo magnético é um fenômeno que ocorre em objetos celestes com rotação rápida e altas temperaturas, como é o caso das estrelas de nêutrons. Nesse processo, a rotação e o calor gerados pela estrela criam correntes elétricas que, por sua vez, geram campos magnéticos. Com o passar do tempo, esses campos se tornam cada vez mais intensos, até atingirem a força observada nas magnetars.
Para realizar a simulação, a equipe de pesquisadores utilizou o supercomputador “Stampede2”, localizado no Texas Advanced Computing Center, nos Estados Unidos. O processo levou cerca de seis meses para ser concluído e utilizou uma quantidade impressionante de dados, equivalente a 10 milhões de horas de processamento em um computador pessoal.
Os resultados obtidos pela simulação foram surpreendentes. Os pesquisadores descobriram que, durante a formação de uma magnetar, a estrela de nêutrons passa por um processo de resfriamento e contração, o que aumenta sua rotação e gera as correntes elétricas necessárias para o dínamo magnético. Além disso, a equipe também observou que a formação de uma magnetar é um processo bastante turbulento, com explosões ejetando material para o espaço.
Com essas descobertas, os cientistas agora têm uma melhor compreensão sobre a origem das magnetars e seus campos magnéticos intensos. Além disso, a simulação também pode ajudar a explicar outros fenômenos cósmicos, como as explosões de raios gama, que são emitidas por magnetars e são consideradas os eventos mais energéticos do Universo.
Os pesquisadores também acreditam que a simulação pode ser