Na última quarta-feira (26), uma história de crueldade e resgate teve um final feliz. Uma macaca-prego, que vivia acorrentada pelo pescoço e presa em uma pequena gaiola por 31 anos, foi finalmente resgatada no município de Colombo, no Paraná. O animal, chamado Chita, era vítima de tráfico ilegal e sofria em silêncio desde 1994. Mas agora, graças a uma operação conjunta entre a Polícia Civil e a ONG SOS Fauna Silvestre, Chita terá uma nova chance de viver em liberdade no santuário, onde receberá todo o cuidado e amor que merece.
A história de Chita é um triste reflexo da realidade do tráfico de animais silvestres no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), cerca de 38 milhões de animais são retirados da natureza todos os anos, para serem vendidos como animais de estimação exóticos ou para serem utilizados em rituais de magia. Desses, apenas 10% sobrevivem durante o transporte e chegam ao destino final. Os demais são sacrificados pelo caminho ou morrem por falta de cuidados adequados.
Chita faz parte da triste estatística dos 90% de animais que não sobrevivem ao tráfico. Ela foi retirada da natureza ainda filhote e vendida ilegalmente para um circo, onde passou a ser explorada e maltratada. Quando o circo foi fechado, anos depois, Chita acabou sendo comprada por um homem que a manteve acorrentada e enclausurada por mais de três décadas. Seu sofrimento só chegou ao fim quando os vizinhos, incomodados com seus gritos e lamentos, denunciaram a situação à polícia.
Foi então que a operação de resgate, intitulada “Liberdade para Chita”, foi iniciada. A equipe responsável pelo resgate se deparou com uma cena chocante: Chita apresentava sinais de desnutrição, desidratação e estresse extremo. Além disso, sua gaiola era tão pequena que ela não tinha espaço suficiente para se mover ou se exercitar. Mas, apesar de todo o sofrimento, Chita demonstrava uma enorme vontade de viver, o que emocionou a todos os envolvidos no resgate.
Após o resgate, Chita foi levada para a Unidade de Triagem de Animais Silvestres (UTAS) da Universidade Federal do Paraná, onde recebeu os primeiros cuidados médicos. Lá, foi constatado que ela estava com saúde frágil, mas que não apresentava nenhuma doença grave. Com isso, foi tomada a decisão de levá-la para um santuário, onde ela poderá se recuperar e viver em um ambiente adequado, sem correntes ou gaiolas.
O santuário escolhido para ser o novo lar de Chita é o Rancho dos Gnomos, localizado em Cotia, São Paulo. O local é especializado no resgate e reabilitação de animais que foram vítimas de maus-tratos, tráfico ou exploração, e hoje abriga mais de 2300 animais de diferentes espécies. Chita será integrada a um grupo de macacos-prego que vivem livres no santuário, onde poderá se socializar e recuperar sua saúde física e emocional.
O resgate de Chita é um importante passo na luta contra o tráfico de animais silvestres no Brasil. Além disso, é uma mensagem de esperança para os inúmeros animais que ainda sofrem nas mãos de traficantes e exploradores. É um lembrete de que todos nós temos o dever de prote